domingo, 4 de julho de 2010

Um Olhar sobre o Engenho Pedras

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
“Nossa maneira de agir é marcada pela influência do açúcar”
(Maria de Glória Santana Almeida)

Localizado na região da Cotinguiba, próximo à cidade de Maruim, o Engenho Pedras destacou-se por atravessar diversas fases da economia açucareira.e é considerado o mais importantes dos engenhos em Sergipe, sendo atualmente um dos mais estudados. Em 19 de junho de 2010 a turma da disciplina Temas de História de Sergipe II visitou o engenho.
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Em Sergipe, no século XIX, ser proprietário de engenho significava ter prestígio social e por isso inúmeras disputas foram travadas entre herdeiros pela posse das terras, resultando em uma fragmentação dos engenhos que ao longo do século se caracterizaram por serem de pequeno porte se comparados aos da Bahia e de Pernambuco.
Tais disputas pela herança nos testamentos marcaram a história do Engenho Pedras. Seu primeiro proprietário  foi o coronel Manuel Rolemberg de Azevedo, de família holandesa, em 1823. Sendo que os quatro engenhos vizinhos, de menor porte,  teriam também sido dirigidos pelos descendentes desse importante coronel, através de alianças, principalmente pelo casamento.
A família Rolemberg ao se instalar no engenho se empenhou em manter o “modus vivendi” europeu através da ostentação do luxo demasiado que compunha a casa grande com enormes lustres, vasos de porcelana, cristaleiras, quadros de pintores renomados etc. Infelizmente, a situação atual é bastante diferente. Devido ao descuido e descaso dos atuais donos, a magnífica estrutura ameaça desabar a qualquer momento levando à baixo parte importantíssima da nossa história. 
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O modo de vida européia também marcou a sociedade colonial e imperial através da presença marcadamente influente da Igreja Católica. Na organização do espaço físico do Engenho percebe-se a construção da Capela do lado direito (considerado sagrado) da Casa Grande; uma representação da vigilância sobre a moral e os bons costumes. Ali eram realizados batismos, casamentos e outras comemorações religiosas importantes que norteavam a vida da sociedade local. Atualmente, grande parte da mobiliária  foi modificada, refletindo a falta de consciência sobre a importância da  MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOpreservação do patriônio histórico.     
 
 
Mas não se pode esquecer que além da Casa Grande e da Capela, existiu também a Senzala. Esta não era apenas local de “descanso” e “reprodução” daqueles que foram a força motriz da economia açucareira. Para se ter uma idéia, Pedras chegou a ter 129 escravos no ano de 1866. E todo esse grupo também trouxe consigo costumes que contribuíram na formação do ser sergipano. Apesar dos espaços físicos serem bastante delimitados no engenho, o mesmo não ocorria no espaço social, tão pouco cultural, percebendo-se, dessa forma, uma verdadeira miscigenação de “raças” e de idéias.
No engenho Pedras a Senzala não era como convencionalmente a imaginamos. Eram pequenas casas, de condições muito precárias que se enfileiravam uma após a outra. Esse tipo de composição permitiu a formação de unidades familiares mais estáveis do que nos engenhos onde predominavam as grandes senzalas.
          Atualmente, o engenho se tornou uma espécie de fazenda de cana-de-açucar e está totalmente direcionado à produção e industrialização do açucar através da Usina Pinheiros, instalada no local. Sua população é, marjoritáriamente, composta por trabalhadores assalariados que vieram de outras localidades e que muito pouco ou nada conhecem da história daquele que ja foi um dia o engenho mais importante de Sergipe.
ALMEIDA, Maria da Gloria Santana de. O Engenho Pedras: uma unidade  em Sergipe. VIII. Simpósio da ANPHU. Aracaju, 1975.
DANTAS, Orlando Vieira. A Vida Patriarcal em Sergipe. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. 190p
SOUZA, Antônio Lindvaldo. Anos de prosperidade e mudanças: a sociedade do açucar e a necessidade de uma nova capital. Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010.
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